Na região metropolitana de Belo Horizonte, ferramentas de Inteligência Artificial chegaram às salas de aula para auxiliar na correção das redações. A escrita, fundamental para obter uma boa nota no ENEM, requer muita prática dos alunos para que habilidades relacionadas à interpretação, semântica e ortografia sejam desenvolvidas. Com isso, o volume de textos para correção tende a ser muito grande para os professores, reduzindo as oportunidades de treino para os alunos.

Pensando nisso, uma escola desenvolveu um sistema de correções utilizando inteligência artificial, permitindo que os textos sejam corrigidos de maneira rápida, qualificada e objetiva. A ferramenta utilizada foi criada por pesquisadores da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), que desenvolveram um modelo de correção especializado para redações do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). A ferramenta pode ser acessada em mais de 2 mil escolas estaduais de Minas Gerais.

Durante o primeiro teste, a tecnologia corrigiu 150 mil redações em 5 dias. No entanto, apesar da eficiência e rapidez que a tecnologia oferece, nada substitui as avaliações de um professor, que acompanha o aluno diariamente.

De acordo com especialistas, a inteligência artificial pode ajudar os estudantes a aperfeiçoar suas técnicas de redação, mas é necessário trabalhar esses aspectos em sala de aula e com vínculos humanos, seja com os próprios colegas ou com o professor, que é quem mais entende do assunto.

Em reportagem publicada pelo Jornal da USP, a docente de educação da universidade, Carlota Boto, explicou que o uso de IAs nas escolas pode automatizar o processo de aprendizagem e limitar a liberdade criativa dos alunos.

Segundo a diretora, as disciplinas do ensino básico possuem uma didática própria para serem ensinadas, refletindo um patrimônio cultural acumulado ao longo da história. Portanto, essa lógica, essencial para a estrutura da disciplina, não pode ser alterada pela tecnologia artificial.

Ou seja, a utilização da Inteligência Artificial nas escolas pode ser de grande ajuda no desenvolvimento dos estudantes, especialmente em tarefas em larga escala, como as redações nas escolas públicas mineiras. No entanto, o papel do professor em sala de aula deve permanecer prioritário no desenvolvimento dos alunos, afinal, nada pode substituir isso.