Embora o Brasil seja um país altamente conectado, uma grande parte da população ainda não possui habilidades necessárias para realizar tarefas simples envolvendo o uso de dispositivos eletrônicos
Segundo uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Brasil possui 480 milhões de aparelhos eletrônicos ativos, utilizados tanto para fins corporativos quanto pessoais. Especificamente com smartphones, estima-se que haja aproximadamente 1,2 dispositivos por pessoa, totalizando cerca de 258 milhões de aparelhos. Em relação a notebooks e tablets, ou seja, gadgets móveis, a média é de 1,8 aparelhos por pessoa, culminando em um total de 384 milhões de dispositivos. Contudo, os números referentes às habilidades digitais básicas são consideravelmente diferentes.
Conforme um estudo da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), divulgado pelo portal Olhar Digital, apenas 29,9% dos brasileiros possuíam habilidades digitais básicas em 2023. Além disso, 17,9% apresentavam um nível intermediário, enquanto 4,2% eram considerados avançados. Isso significa que cerca de 48% da população não possui habilidades digitais básicas, evidenciando que, embora o Brasil seja um dos países mais conectados do mundo, essa conectividade não se traduz necessariamente em produtividade digital.
Habilidades digitais básicas incluem a capacidade de copiar e inserir arquivos ou pastas, usar ferramentas de copiar e colar para duplicar ou mover informações dentro de um documento, enviar e-mails com anexos e transferir arquivos entre um computador e outros dispositivos.
Outro ponto importante do estudo é a relação direta entre a desigualdade social do Brasil e as habilidades digitais. Os dados indicam que níveis mais altos de instrução, classe social e renda estão correlacionados com maiores habilidades digitais. A própria ANATEL enfatiza a necessidade de recomendações para melhorar esses resultados e promover o desenvolvimento das habilidades digitais no país.
A ANATEL destaca que a implementação de políticas públicas para posicionar o Brasil como um líder em habilidades digitais é essencial para democratizar a alfabetização digital. Dado que o Brasil possui uma população amplamente conectada, a alfabetização digital é necessária para o uso produtivo das tecnologias.
Geograficamente, o estudo revela que a região Nordeste possui as menores proporções de população com habilidades digitais em todos os níveis: básicas (19,8%), intermediárias (12%) e avançadas (2,7%). Já na região Sudeste, os índices são melhores: básicas (36,5%), intermediárias (21,5%) e avançadas (5,6%). Outro aspecto importante é que a população residente em áreas rurais possui, proporcionalmente, menos habilidades digitais do que a residente em regiões urbanas. No nível intermediário, a diferença entre a área urbana e a rural é de 7,5 pontos percentuais, com a área rural atingindo apenas 11,3% das pessoas.
A democratização da alfabetização digital é crucial para um uso eficaz das tecnologias, contribuindo para uma aplicação mais inovadora e eficiente, tanto no ambiente de trabalho quanto nos estudos. Este é um dos objetivos do programa Aprender Conectado, que visa levar a internet para as escolas públicas em todo o país.