Nos últimos anos, o aumento das apostas e jogos, impulsionado pelo avanço tecnológico, trouxe uma nova forma de entretenimento e lazer. Contudo, essa expansão também representa um risco significativo: o vício. A visão distorcida de que é possível ganhar muito dinheiro com facilidade, especialmente através do celular, é uma das razões que “cega” o apostador e o coloca em um círculo vicioso.
Marina Tavares, psicoterapeuta no IAA (Instituto de Apoio ao Apostador), afirma que os sinais do vício nem sempre são claros, mas existem comportamentos que podem indicar problemas. “Um dos primeiros sinais é uma preocupação excessiva com o jogo. A pessoa começa a pensar demais sobre as apostas, relembrando jogadas passadas ou planejando a próxima oportunidade de jogar”, disse Marina.
Segundo ela, é comum observarmos tentativas fracassadas de parar ou reduzir o jogo. Uma pessoa pode prometer a si mesma jogar menos ou parar, mas acaba não conseguindo cumprir essa promessa, o que geralmente vem acompanhado de frustração. Amigos e parentes podem e devem ajudar, de acordo com Marina. “Se alguém que você conhece começa a se isolar, ficar irritado, ou até mesmo mentir sobre o que está fazendo com o dinheiro ou o tempo, pode ser um sinal”, disse a psicoterapeuta.
Para enfrentar o vício, ou jogo patológico, é fundamental implementar estratégias eficazes de prevenção e tratamento. Segundo Marina, isso demanda acompanhamento psiquiátrico e psicológico, além da participação em grupos de apoio.
Para as pessoas que vivem esta situação, existem algumas entidades que podem oferecer apoio. O Instituto de Apoio ao Apostador, por exemplo, realiza reuniões semanais online, onde os usuários podem compartilhar suas histórias e conversar com especialistas. Também oferece psicoterapia breve. Existe também o Jogadores Anônimos, que provê apoio através de reuniões de apoio. Além disso, há o Centro de Valorização à Vida (CVV), que disponibiliza escuta terapêutica 24 horas por dia.
É importante lembrar que o tratamento psicológico e psiquiátrico é previsto pelo SUS, principalmente através dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
Nem todas as pessoas ficam viciadas e precisam de ajuda. “Os jogos, especialmente quando falamos de apostas, podem ter um aspecto social ou recreativo para muitas pessoas. Jogar com amigos, por exemplo, ou apostar pequenas quantias por diversão, sem comprometer sua estabilidade financeira ou emocional, pode ser feito de forma saudável”, explica a psicoterapeuta. Para ela, o benefício, nesse caso, está no entretenimento, no desafio que os jogos oferecem e na emoção da incerteza, desde que feito de maneira consciente e com limites. O problema surge quando o jogo deixa de ser uma atividade recreativa e começa a afetar a vida da pessoa.
A dica é tomar cuidado para não ver o jogo como uma forma de ganhar dinheiro. O ponto principal é entender que, para a maioria das pessoas, o jogo pode ser uma atividade divertida, mas é essencial estar consciente dos riscos e manter o controle para que ele não evolua para algo prejudicial. Se alguém perceber que está perdendo esse controle, o melhor é procurar ajuda o quanto antes.
Onde buscar ajuda: