Crianças agora já nascem conectadas. Muito pequenas aprendem a mexer nos celulares, usam redes sociais e muitas vezes criam os próprios canais no YouTube. São os chamados “Nativos Digitais”, um termo para descrever quem cresceu em meio à presença constante de tecnologia. Em oposição aos mais velhos que tiveram que aprender a usar computadores e outros dispositivos.
Mas esta realidade não vale para todos os brasileiros. Uma pesquisa realizada pela TIC Kids Online Brasil de 2023 mostra que, por mais que 99% dos brasileiros entre os 15 e 17 anos sejam ativos no ambiente digital, muitos ainda apresentam dificuldades nas suas habilidades tecnológicas. Um estudo realizado pela Dell revela que 37% da Geração Z (nascidos a partir de 1995) acredita que a educação formal não conseguiu preparar estas pessoas da forma adequada para o mundo digital, e 56% relataram deficiências em habilidades digitais essenciais para a navegação online.
A disparidade motivou até a criação de um novo termo para definir esses jovens que apresentam pouca familiaridade com o uso de tecnologias e baixo entendimento crítico de seu funcionamento: “ingênuos digitais”. São jovens que possuem uma compreensão pouco aprofundada sobre os algoritmos, coleta de dados e as implicações de suas ações no ambiente online. Embora consigam navegar com facilidade, desconhecem os mecanismos que sustentam essa experiência.
O que mais preocupa educadores e especialistas é o fato de que jovens são mais vulneráveis à desinformação e manipulação online, pois a falta de senso crítico e de habilidades avançadas para pesquisas acabam os tornando alvos mais fáceis a propagandas enganosas e notícias falsas.
A saída está, de acordo com os pesquisadores do tema, na ampliação dos investimentos em uma educação digital completa, na capacitação de professores, ampliação dos recursos pedagógicos digitais e da infraestrutura tecnológica. Aliado, claro, à introdução de conteúdos relacionados à educação midiática para desenvolver o senso crítico.
